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quarta-feira, 8 de julho de 2015

lua

a lua sorri
não sabe que sorri
não sabe que existe
e nós que a vemos
sabemos que ela existe
que sorrimos para ela 
quando a vemos
e sabemos de nós
que nos desconhecemos
como todo o mundo desconhece
o que supõe ser o mundo
não é por não termos sentidos
que nos dêem a verdade
é por sabermos que dentro
e fora de nós há sempre
um buraco negro que absorve
toda a realidade, pode ser matrix
génio maligno, jornal, net ou tv
conversa do lado no café da esquina
desabafo no autocarro  
declaração na caixa do supermercado
ou revista velha no consultório do dentista
mas como não sabemos quando está 
nem onde está ou como se mostra
mesmo que tenhamos a verdade 
nas mãos à frente dos nossos olhos
e a cheiremos com todas as células
das nossas mucosas nasais
não a identificamos
não lhe podemos dizer: 
verdade como és bela
quero-te, leva-me contigo
por esse universo fora.

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