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sexta-feira, 17 de julho de 2020

julho

Julho de imperial ambição
cuja efígie no denário se impõe,
leva ao amor em todo o coração
e em toda a alma e em todo o entendimento,
amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Pague-se a   César o que é de César,
pague-se a Deus o que é de Deus.
Em julho amor com amor se paga
porque há tempo para tudo, longo mês,
grandes dias, infinitas perguntas.
O que é o amor? Quem sou eu?
E dou por mim a dar o que não tenho,
palhaço de mim mesmo, incompleto,
dependente, a correr da vida, como
uma lagartixa que foge de quem lhe cortou
o rabo que salta na terra quente sem regra.
Julho dá o pão e o gorgulho,
aremos e fiemos, pois, e ouro criaremos.
Mas para quê tanta riqueza,
se o essencial é invisível aos olhos?
Além, mais além, há ilhas floridas,
águas frescas, vento soprando, trigo limpo,
danças, quadros vivos de Matisse,
confinamento verde, azul, laranja-terra,
num turbilhão louco de mãos dadas,
nus, como no paraíso perdido inicial.
Em julho tão quente e tão perto,
tão simples e tão certo, leva-me contigo
a ver as estrelas das planícies
e a tremer de encanto com o canto das aves.




terça-feira, 7 de julho de 2020

junho


Cálidas aragens, 
nos arraiais e romarias,
amores afoitos e ousadias,
acanhadas as noites, não os dias.
Meio ano vencido,
outra metade para sonhar,
trabalha a formiga
enquanto nos encanta a cigarra,
com o seu cantar.