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domingo, 28 de maio de 2017

O que torna a ciência tão especial e confiável?

A ciência é tão especial porque é o conjunto das áreas do conhecimento  que se acredita ser mais próximo da verdade. É ao mesmo tempo a atividade que responde com lógica às perguntas sobre o modo como o mundo funciona. Responde também à curiosidade inata dos seres humanos e produz tecnologias com um alto grau de eficácia na resolução de problemas humanos relacionados com a saúde, com a organização das sociedades, com a aprendizagem, com os modos de produção, com as comunicações, com o planeta terra, com os animais, com os seres humanos em particular, com o universo. A ciência ajuda os seres humanos a viverem mais e a compreenderem-se melhor, de tal forma que, em determinadas áreas o seu grau de previsibilidade é elevado. A ciência divide-se em áreas, ciências sociais e humanas, ciências físico-naturais e lógico-matemáticas. As ciências são tão especiais também porque são interdependentes. Os cientistas não querem deixar nada de fora do seu objeto de estudo. Para cada área científica há um objeto de estudo diferente, a realidade pode ser vista, estudada, analisada de muitas perspetivas, pode ser decomposta em partes muitíssimo pequenas. Por isso, para cada área científica há um método próprio baseado num método geral, que de certa forma torna a ciência produtiva, rigorosa, preditiva. A ciência estuda objetos particulares e por isso ela pretende ser objetiva e para atingir essa objetividade, o que lhe garante uma maior proximidade  à verdade, faz-se, na maior parte dos casos, com investigação em equipa, o que lhe confere uma característica impreterível: a intersubjectividade. Os métodos das ciências em determinadas áreas levam à formulação de proposições que expressam leis ou regularidades que são aceites universalmente. Este caráter universal das leis científicas dá-lhes uma enorme força e por isso também contribui para que haja por elas um enorme respeito. Ao mesmo tempo os cientistas têm a sensação de que o seu objeto de estudo é inesgotável, por um lado porque muda o objeto, por outro porque muda o cientista e todo o arsenal de instrumentos que lhe permite ver mais fundo, com mais rigor, eficácia e minúcia. Este caráter da ciência que se sabe tarefa sempre inacabada confere-lhe um grau de humildade que a torna meritória, confiável e respeitável.

domingo, 14 de maio de 2017

LIBERDADE

A liberdade é o bom uso do livre-arbítrio. O livre-arbítrio é a possibilidade de escolher entre o bem e o mal. O livre-arbítrio fundamenta-se no inesgotável significado das coisas e é expressão da vontade, a liberdade resulta de uma faculdade a que chamamos razão. O livre-arbítrio caracteriza todo o ser humano, por isso se pode dizer que os humanos, que nem sempre são  livres, têm tendência para tal. Como humano não  escolho contorcer-me quando sinto uma dor aguda fabricada pelo meu cérebro. Não sei se será possível encontrar a origem da dor nem se é exatamente física ou psicológica. A dor pode ser uma contração dos músculos devido a uma combinação provável de sinapses. Não somos, de facto, inteiramente livres, mas temos sempre alguma margem de liberdade nas nossas vidas. O livre-arbítrio faz o mundo interessante e, tal como a arte, é inevitável, torna tudo inaudito e possivelmente maravilhoso. Mas só a liberdade faz de nós verdadeiramente humanos. A liberdade não é viver sozinho, não é estar contra os outros, competir contra os outros para lhes ganhar. A liberdade é ser solidário, é viver e caminhar juntos, é partilhar tudo o que pode ser partilhado, como a riqueza, por exemplo. A liberdade é ser justo e usufruir da justiça, contribuir com o que se pode dar e beneficiar  do que se deve receber. A liberdade é responsabilidade, é respeitar os outros  e as leis que resultam do respeito recíproco de todos por todos. Ser livre é não insultar, não humilhar, não roubar de nenhuma forma, é ser consciente do seu valor, não ter vaidade nem ser invejoso, não querer ser mais do que os outros, não querer nunca ser o dono disto tudo e muito menos de alguém. Ser livre é trabalhar incessantemente contra a escravatura contra a maldade, contra o sofrimento, é não se contentar com pouco do que é humanamente bom. Somos livres quando temos a possibilidade de escolher sem submissão, quando a nossa vontade se pode juntar a milhões de outras vontades insubmissas, por exemplo em eleições. Eleger é escolher; a boa escolha é aquela que mais contribui para a liberdade de todos, para a maior e mais equitativa partilha possível. É isso que pode acontecer no próximo domingo. Por isso eu vou escolher para ser mais livre do que sou e dar o meu simples e pequenino, a minha gotinha de água, mas indispensável contributo, para que haja mais liberdade e mais justiça no mundo, para que a riqueza seja equitativamente distribuída, para que todos tenham ar puro para respirar e água potável para beber, trabalho para produzir, alimento para viver e futuro saudável para quem está agora a nascer.