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quinta-feira, 26 de agosto de 2021

IGUALDADE FEMININA

“Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa - salvar a humanidade”, afirmou José de Almada Negreiros em "A invenção do dia claro", em 1921.

Para que a igualdade das mulheres, cujo dia hoje celebramos, seja uma realidade, podemos dizer o mesmo. Só falta mesmo é garantir, de facto, a igualdade na prática, só falta mesmo, salvar as mulheres, a igualdade feminina. Em muitos países do mundo, nomeadamente no nosso, essa igualdade já está na lei fundamental, mas não é cabalmente cumprida.
Para combater as desigualdades não basta apregoar que as desigualdades devem ser combatidas. É preciso muito mais do que isso. É preciso partilhar responsabilidades e tarefas, garantir os salários com equidade, não permitir que um homem, só por ser homem, ganhe mais do que uma mulher, no mesmo trabalho, nas mesmas funções. A igualdade fundamental, mas não única, é a igualdade económica, só ela permite a emancipação da pessoa, seja ela homem ou mulher. O salário emocional ( o elogio, o reconhecimento, o afeto positivo) também deve ser equitativo e basear-se no princípio da igualdade. Este princípio afirma que ninguém é superior ou inferior enquanto ser humano, enquanto pessoa. Toda a gente é pessoa, como por vezes se diz. 
Este princípio é um imperativo ético e moral que reconhece e confere dignidade a todo e qualquer ser humano, seja homem, mulher, masculino, feminino, heterossexual, LGBTI ou o que quer que seja…

  No Afeganistão, de que tanto se fala agora,  a desigualdade é tão grande, abominável e  horrenda, que até se nega às mulheres o direito de existir. A burca, veste comprida que envolve todo o corpo, dos pés à cabeça, com uma abertura rendilhada à altura dos olhos, usada em público por muitas mulheres muçulmanas, é uma das formas de  negação da existência e, por conseguinte a negação absoluta de quaisquer direitos de quem a usa.
 
Apesar de nós, portugueses, felizmente, não vivermos num regime desta natureza, ainda há hoje, no nosso país e eventualmente  na nossa terra, muitas mulheres que se sentem mulheres coisificadas, mulheres objeto, tal como a Luísa no poema de António Gedeão "Calçada de Carriche", que "Saiu de casa / de madrugada; regressa a casa / é já noite fechada." (…)
Poderíamos tentar enumerar algumas das mulheres que se destacaram com a sua coragem, tenacidade, criatividade e amor, exemplos para a humanidade: Hipátia, Joana d'Arc, Dandara, Marie Curie, Virginia Woolf, Simone de Beauvoir, Rosa Luxemburgo, Maria Lamas, Beatriz Ângelo, etc.. A lista seria interminável, porque de facto  houve, há e certamente haverá muitíssimas mulheres que são exímias como seres humanos, desde logo, porque muitas delas são mães.  Nessa lista está a mãe de cada um de nós,  a melhor mãe do mundo, como não nos cansamos de sentir e de repetir.
Ser mãe é ser uma força da natureza, é agir sempre, a toda a prova e em todo o lugar,  de acordo com um amor gigante e incondicional.

Sabemos dos estereótipos e dos preconceitos sobre o feminino e às vezes, nós, homens e mulheres, quase que somos levados por eles em momentos de fraqueza e de estupidez, por isso nunca é demais combater a todo o momento tudo o que se opõe à igualdade feminina: a exploração económica e  sexual,  a coisificação das mulheres, o assédio, o medo, todas as formas de violência física e psicológica, todas as ameaças, todas as prisões.

Termino com uma frase de uma grande mulher, Rosa Luxemburgo, (1871 -1919) que é um apelo a todos para que não se imobilizem, para que se ponham em movimento lutando pela dignidade humana, que é também a dignidade da Mulher: "Quem  não se movimenta, não sente as correntes que o prendem". Vivam as mulheres de todo o mundo!