A primavera merece
a sagração incondicional,
justifica-se porque é tão bela
como o brilho dos olhos
espantados pelo azul
do mar, do céu, das estrelas
e dos amores perfeitos,
aturdidos pelas infinitas cores
de outras inefáveis flores.
A primavera é tão vivaz
e incrível que até assusta,
transporta-nos às origens
e faz-nos respirar o silêncio
dos elementos primordiais,
terra, água, ar e fogo.
A primavera é o pináculo
da existência, do sentido de tudo,
ela é a parte visível da beleza
que sustenta a vida,
a expressão das fundas raízes
que lutam na clandestinidade
para que a beleza seja de todos.
A primavera merece todos os ídolos,
todos os deuses e deusas
preces, rituais e celebrações.
A primavera é a epifania
da natureza pura
e não tem explicação,
é a razão de ser do próprio coração.
©PR