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domingo, 25 de novembro de 2012

excesso

Se no século XXI há um evidente excesso, parece óbvio que é o das imagens: imagens artificiais, fundamentalmente divulgadas através da internet e da televisão, sem arte, sem cultura, pró-sensacionalistas, pró-pornográficas, pró-individualistas.A juventude, a nível mundial,já passa mais tempo no computador e na internet do que a ver televisão. 

Já há uns anos que foram publicados estudos sociológicos que evidenciavam esta realidade: a televisão já não é para os adolescentes e jovens adultos o principal ponto fixo da atenção, mas continua a sê-lo para para os adultos mais velhos, aqueles que têm social e politicamente a responsabilidade das decisões.

 Em 1993, Karl Popper e John Condry, publicaram o livro "Televisão: um perigo para a democracia", onde mostraram que a televisão é um poder quase divino para os seus detentores, por isso entendiam que deveria ser submetida a um controlo de qualidade, rigoroso e democrático. 

  O excesso de imagens e a carência de palavras leva as pessoas, e com elas, a sociedade, para um abismo que é  a incompreensão. O excesso e a vertigem da imagem contrapõe-se à lentidão necessária da palavra. Não se constrói um mundo (cosmos) por contraposição à desordem (caos)com imagens sem qualidade e em catadupa. É necessário o tempo da reflexão, do amadurecimento, da imaginação que só são possíveis pelas palavras. 

   É tempo de dizer: valem mais mil palavras do que uma imagem, é tempo de uma inversão dos valores para uma inversão da sociedade. Nos anúncios radiofónicos,como não há imagens visuais, são as palavras (imagens acústicas) que anunciam, mas sempre com uma prosódia que impede muitas vezes a compreensão e a reflexão, pela vertigem.
   
A semelhança da comunicação com os desportos radicais que inculcam a necessidade da velocidade, da vertigem e da libertação de adrenalina, é um indicador interessante do sentido que individual e socialmente se segue: evasão, alienação. 

   Para combater o excesso de individualismo impregnado na internet e na televisão, há com certeza um bom antídoto: a leitura dos livros, em papel ou em qualquer outro formato, porque ela é sempre lenta,por mais rápida que seja,  e por isso benéfica para o trabalho mental, afinal não há ética sem compreensão e  sem imaginação.