Páginas

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Douta Ignorância

Filósofo é quem busca, com humildade, o conhecimento e a sabedoria. Do ponto de vista etimológico, filosofia significa amor à sabedoria, o filósofo é o amigo, o amante para o conhecimento, aquele que demanda a verdade, não aquele que acha que a possui, mas o que interroga, não é aquele que se fecha em certezas supostamente definitivas. O filósofo tem uma qualidade: douta ignorância. A douta ignorância equivale a uma disposição do espírito, a uma abertura da mente em relação à procura da verdade. Ao reconhecer a sua própria ignorância, o filósofo sabe que a consciência de que nada sabe é um princípio fundamental para superar as ilusões  do falso saber, ou de um saber que, apesar de limitado, se considera ilimitado. Quando devidamente praticado, o lema socrático só sei que nada sei permite que nos libertemos da tirania do hábito a que está submetido quem julga possuir a verdade.

domingo, 14 de outubro de 2012

político-social

sentimos os murros no estômago
da realidade político-social:
os neurónios lutam entre si
na ânsia da vingança da fome,
a revolta encontra-se à solta,
as pilhas alcalinas do fígado aquecem
na iminência do curto-circuito
que há-de abalar todos os vilões.
a vida é só uma, e mesmo no fio da navalha,
não no-la hão-de ladrar, os tinhosos.
a alma do povo é grande,
as unhas dilacerantes e retorcidas
serão arrancadas a sangue quente.
o tempo não é de calmarias,
é de raiva lúcida, de beijos fulminantes,
de abraços paralisantes,
de infatigável jogo de belas
contra verdadeiros monstros.
cantos, vozes, gritos, rufar de tambores,
armas pacíficas que dão ataques de caspa.
talvez a guerra, se vier pois que venha.
por que não hão-de os infortunados
defender a sua prole? 
não será uma lei natural?
alguém já venceu as forças da natureza?