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segunda-feira, 11 de maio de 2020

maio

Ao cair do  pano de abril
apresentaram-se as
cerejas e os pirilampos e tantas,
tantas flores, riachos encantados,
carreirinhos nos bosques
animados pelos amores:
maio moço  a chegar,
alcântara para o verão que dorme
alcandorado  no tempo da saudade
que em nós demora.
Maio lágrimas à distância,
sonhos por realizar,
pecados  e corpos por animar.
Maio música feita de amor e de silêncio
enquanto o sol seca o que o tempo molhou.
Maio flor e fruto, semente na terra  fria e ardente.
Maio toda a gente, mares desejados,
jogos da cabra-cega ao lusco-fusco,
prados e serranias,  praias, aldeias
onde moram litanias, luzes pequeninas
bruxuleantes e céus, cruzes e estrelas,
aqui no cantinho da galáxia
onde nascemos, onde nos encontrámos
e de onde jamais sairemos
por sermos próximos e amarmos,
à moda de  flores e  abelhas,
como velas ao vento acesas.