O ano novo está aí à porta e,
como sempre, não faltam profetas,
adivinhos, futuristas, especialistas
e outros coristas dos paraísos
e dos apocalipses, com máscara ou sem ela,
para nos apontarem o caminho da salvação!
Parece simples encontrar o portal
da felicidade, a janela para o horizonte
onde não há pecado nem sofrimento!
O ano que termina não se eclipsa,
gravado será na memória universal,
é tempo, não tem ânsias.
Os anseios são dos corpos
sôfregos pela realização dos sonhos,
que num ápice se desvanecem.
E nós, iludidos pelas memórias,
exclamamos, como que desadormecidos,
já lá vai tanto tempo!
Onde vive a criança que se perdeu no caminho?
Onde param as lágrimas das despedidas?
Onde mora a epopeia do amor?
Contaremos as doze passas,
ergueremos as taças de espumante.
Brindaremos de cara lavada e de alma fresca,
contaremos os bons segredos uns aos outros,
aguçaremos o nosso pensamento?
Por que não respeitar a palavra limpa e polida,
a dança da vida e a paixão do outro?
Talvez pudéssemos desviar
os maus augúrios e inventar
um Novo Ano a sério.
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