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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Dia mundial do livro

O chamado mundo ocidental é, provavelmente,  o que mais se desenvolveu do ponto de vista científico e técnico, a partir do século XVII.  As suas raízes remontam à Grécia antiga onde surgiu o pensamento que inventou a palavra "Democracia" e onde progressivamente se passou de uma conceção mítica/religiosa a uma conceção filosófica/científica do universo, do mundo e da humanidade. A partir da matriz greco-romana e judaico-cristã desenvolveu-se um modo de organização cultural e político-social tendente a reconhecer e a incentivar a cidadania e a liberdade. Foi o mundo ocidental que criou a globalização. Foi aqui que Gutenberg, no século XV, desenvolveu um sistema mecânico de tipos móveis que deu início à revolução da imprensa e que é amplamente considerada a invenção mais importante do segundo milénio que muito contribuiu para a proliferação dos livros. 
O mundo ocidental produziu ciência e tecnologia, arte e religião, mas também peste, fome e guerra. Criou duas guerras mundiais, e muitas outras de que temos conhecimento, e agora uma guerra terrível na Europa, insegurança global, armamento atómico. Produziu a declaração universal dos direitos humanos, literatura, poesia, música, arranha-céus, autoestradas, aviões supersónicos, viagens interplanetárias. Proclamou o direito à autodeterminação dos povos. Originou a poluição visual, acústica e ambiental e ainda a possibilidade do superpovoamento do planeta, ultrapassámos já os  sete mil milhões de indivíduos e estamos próximo do oito mil milhões.
No campo da complexidade do desenvolvimento das sociedades humanas não há argumentação válida para fixismos e para imposição de modelos. Outras civilizações e culturas, igualmente legítimas, são resultado de um processo histórico e social igualmente rico e complexo. A linguística mostrou-nos que não há línguas mais importantes do que outras, os crioulos de base portuguesa são tão línguas como o inglês ou o português. Todos os povos são culturalmente civilizados, ainda que em alguns ainda persistam certas práticas tradicionais de violência explícita como, por exemplo, a condenação à morte por lapidação e a excisão do clítoris. Toda a violência é eticamente reprovável porque contraria a coexistência e a continuidade da vida sem a qual nada terá sentido. 
Por isso nenhum mundo, ocidental ou oriental, setentrional ou meridional, tem qualquer argumento válido para  impor os seus modelos, porque todos os mundos são acidentais. Toda a imposição é violência por muito ténue que seja, toda a violência humana contraria a dignidade humana, também por isso, temos esperança de que o mundo não seja apenas a fenomenalização da caixa de Pandora dado que a violência também é acidental. Nos tempos que correm é cada vez mais importante recorrer a fontes diversificadas de informação, não ver apenas uma perspetiva dos problemas, sob pena de ficarmos sujeitos a uma caricatura da realidade dos factos e dos argumentos, arriscando-nos a não ter a mínima ideia das causas próximas e remotas, bem como das consequências imediatas e de médio/longo prazo dos acontecimentos. 
Hoje é o dia Dia Mundial do Livro. Talvez fosse bom aproveitarmos para ler autores, pensadores, escritores, políticos, cientistas,  poetas, que são, muitas vezes, severamente criticados na praça pública por quem não os leu ou por quem parece que não os leu. Talvez assim contribuamos para criar um mundo mais verdadeiro, menos preconceituoso e, de facto, mais livre, para todos. 

Boas leituras.


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