Quando olho para a cara das pessoas
e não gosto do que vejo, desconfio,
quando gosto, acredito.
Não é que queira, não posso decidir
os desejos, meus ou de quem quer que seja.
Às vezes é preciso olhar, ver, contemplar,
procurar o infinito que há em tudo.
E então surgem as palavras, nascem e crescem
como cogumelos, cristais, cerejas, conversas.
Não são retratos de coisa nenhuma.
Não são teatros da realidade, são a realidade no palco.
São manhãs frias de novembro com o chão do quintal
cheio de lágrimas do tempo com folhas amarelas de melancolia.
São tardes tão lúgubres que nem as saudades matam,
são noites de intempérie à espera da queda de todas as máscaras.
Às vezes sinto este novembro nos ossos como se fosse dezembro sem natal.
E dá-me para perguntar: que mal fizeram a Deus os inocentes?
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