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segunda-feira, 9 de novembro de 2020

novembro

Quando olho para a cara das pessoas

e não gosto do que vejo, desconfio,

quando gosto, acredito.

Não é que queira, não posso decidir 

os desejos,  meus ou de quem quer que seja.

Às vezes é preciso olhar, ver, contemplar, 

procurar o infinito que há em tudo.

E então surgem as palavras, nascem e crescem

como cogumelos, cristais, cerejas, conversas.

Não são retratos de coisa nenhuma.

Não são teatros da realidade, são a realidade no palco.

São manhãs frias de novembro com o chão do quintal

cheio de lágrimas do tempo com folhas amarelas de melancolia.

São tardes tão lúgubres que nem as saudades matam,

são noites de intempérie à espera da queda de todas as máscaras.

Às vezes sinto este novembro nos ossos como se fosse dezembro sem natal.

E dá-me para perguntar:  que mal fizeram a Deus os inocentes?





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