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quarta-feira, 25 de novembro de 2020

ÁRVORE


Quando era menino, 

às vezes apetecia-me ser árvore.

Só porque as árvores podem ser altas

e quanto maiores são as suas raízes

mais alto chegam, e aí podem conviver

em abundância com os pássaros.

As árvores ondeiam ao sabor da seiva, 

com suas raízes, seus ramos,  

suas folhas, flores e frutos.

Serpeiam como o vento a ventar, 

como a maré subindo e descendo 

na infinitude do mar.

Seria árvore e,  à noitinha, 

sentiria a insistência da Lua 

com o seu luar na floresta 

semeado de  faiscantes 

cristas de luz viva e clara.

E aí teria  o sonho da Terra inteira,

sem fronteiras, vivaz, solidária, 

fraterna e livre, como a utopia séria. 

Terra forte e farta, onde se cantaria 

e dançaria sem preconceito 

como os pássaros, num rodopio amoroso

onde todos seriam do mundo 

que não é de  ninguém; 

só bons selvagens 

como a floresta da natureza,

 nossa mãe.

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