O dogmatismo é uma posição acerca do
conhecimento que afirma que ele é possível e real. Por isso se diz que os
dogmáticos, em princípio, não colocam o problema do conhecimento, não fazem a
pergunta “O que é o conhecimento?” e muito menos uma outra “Será possível o
conhecimento?” Contudo, ao fazermos estas perguntas teremos necessariamente de
responder-lhes. O dogmatismo afirma que o conhecimento é possível, mas não
explica como é que ele acontece. Para explicar o conhecimento, não apenas como
possibilidade, mas como realidade, há que ir mais longe e buscar as origens do
mesmo. Desta feita, há duas teorias opostas que tematizam o problema: o
empirismo e o racionalismo. O primeiro afirma fundamentalmente que a origem do
conhecimento são as impressões e que elas estabelecem o limite do nosso
entendimento. Daí que o empirismo em geral desemboque numa forma de ceticismo, ainda que moderado, não negando a possibilidade de conhecimento
verdadeiro. Já o racionalismo afirma claramente que a razão é a origem e o
fundamento de todo o conhecimento. Para os racionalistas, na medida em que as
ideias fundamentais são a priori (inatas), descobrem-se pela intuição
intelectual, o conhecimento constrói-se de forma dedutiva num esquema em que o
sujeito se impõe ao objeto, há uma correspondência entre o pensamento e a
realidade. Assim pode dizer-se que o racionalismo é também uma forma de
dogmatismo porque confia absolutamente na razão para atingir a certeza e a
verdade. Contudo dogmatismo e racionalismo são diferentes: para um
racionalista, como Descartes, o dogma é o fim e não o princípio, já para o
dogmático ingénuo, o dogma é o princípio e o fim do conhecimento.
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