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domingo, 6 de março de 2016

A importância da metafísica para Descartes

A Árvore da Vida
                Gustav Klimt - 1909



Na obra
Princípios da Filosofia, Descartes utiliza a metáfora da árvore para elucidar a dimensão complexa da filosofia. Ele mostra-nos que não há filosofia sem metafísica. Esta é a raiz da Filosofia, por isso, é por ela que se deve começar a tarefa de encontrar os princípios fundamentais do conhecimento humano. Descartes está empenhado em construir o edifício do conhecimento em bases sólidas e é necessário compreender muito bem os alicerces ou as raízes desse conhecimento. A metafísica busca o conhecimento da essência das coisas, está para além da física, trata do domínio daquilo que não é dado aos sentidos, o seu conteúdo não é visível, tal como não são visíveis as raízes da árvore. Contudo, sem as raízes, fundamento da árvore, nada existiria de sólido. É necessário, para Descartes, encontrar o porquê dos princípios do conhecimento. Por isso ele procede a uma investigação de carácter metafísico através das regras do método (propostas na obra O Discurso do Método: evidência, análise, síntese e enumeração), inspirado na matemática, já que a sua origem é exclusivamente racional e a priori. Sem metafísica não pode haver utilidade na filosofia cujo pináculo é a moral, último grau da sabedoria que pressupõe o conhecimento de todas as outras ciências. Estas ideias apresentam um alcance notável e vão ao encontro do que Platão advogara há muito, o maior dos males é a ignorância, para praticar o bem, isto é, para exercer a moralidade, é necessário conhecimento e conhecimento do fundamento. É, em suma, impreterível ser radical, ir às raízes, tomá-las, apreendê-las, sem esse desiderato não há medicina, mecânica ou moral e portanto não há segurança nem confiança, condições imprescindíveis para o ser humano.

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