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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

determinismo moderado




     Por definição os enigmas são difíceis de descobrir e dada a complexidade da filosofia e do seu objeto, o todo, também o enigma do livre-arbítrio se afigura de difícil resolução. Há duas perspetivas distintas em relação ao livre arbítrio: por um lado conclui-se, através de argumentação poderosa, a impossibilidade de uma “vontade livre” e por outro, também por meio de argumentos poderosos, que existe uma “liberdade da vontade” que também experimentamos na prática. Há uma solução para este enigma, a de que a vontade livre e o determinismo são compatíveis entre si, isto é, não são contraditórios.


     Aparentemente tudo o que existe e acontece no mundo é determinado por causas anteriores que poderão eventualmente ser descobertas pelos cientistas e filósofos, se é que o não foram já, pelo menos em parte. Contudo, nessas causas poderá estar uma que é o próprio livre-arbítrio. As ações livres podem ser determinadas desde que não sejam constrangidas, desde que não sejamos forçados a praticá-las. Quando alguém faz alguma coisa sob constrangimento, uma doença ou uma ameaça grave, por exemplo, não está a ser livre, e esta é a exceção à “regra da liberdade”. Não podemos negar na prática os efeitos comportamentais das nossas doenças ou medos porque não fomos nós que os escolhemos, e nessa medida, somos determinados. 

     Mas não somos absolutamente determinados como se fôssemos parte integrante do domínio do demónio de Laplace.  Há um cantinho do mundo, onde a compulsão e alguns tipos de ameaças, medos ou forças estão ausentes, por isso há espaço para a vontade livre e o determinismo conviverem sem contradição, conclui-se assim o compatibilismo. Esta doutrina será provavelmente a maneira mais habitual de resolver o problema da contradição entre o determinismo e o livre-arbítrio: um determinismo moderado não radical que aceita e legitima as leis do universo em simultâneo com a liberdade humana. 

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