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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Desabafo


O individualismo,  o ostracismo,
a indemnização da finança,
o pecado e a pena capital,
a violência escondida e a publicada,
o radar e a multa,
os filhos da puta,
a parada militar,
as insígnias e altas patentes,
o corruptível juiz,
a guerra sem estrelas,
as campanhas de caridade, 
a livre concorrência,
o beija-mão bajulador.
A dor de cotovelo,
as picadas dos mosquitos,
as tremelgas e os moscardos,
o aguilhão dos carrascos,
os top ten, top hundred, top thousand
Os inacessíveis carnavais de Veneza,
a realeza, o nobre e o plebeu,
o politicamente correto,
o sorriso amarelo profissional,
a insónia existencial, o cadáver na praia do mar do meio.
A citação obscena, a miss e o mister, tudo e tudo,
o vírus informático, o vírus coroado, o snobismo,
o veganismo e as modas das hordas.
O luxo imoral inestético, antiético,
o salário do Ronaldo, a pobreza do Aristides e
os colonatos de Israel.
Os muros sem vergonha e
a dignidade do trabalho; 
Arbeit macht frei (o trabalho liberta!)
O frango a suar hormonas
e a agricultura superintensiva.
O centro do mundo e a liberdade estátua.
A ponte de S. francisco, 25 de Abril, tão parecidas!
O Ferrari do Papa e a viagem espacial turística do Musk.
As homenagens, o culto da personalidade, 
o  terceiro mundo, a terceira idade, a terceira vaga.
A guerra santa, o fascismo humanismo,
a fatura da fratura e da rotura.
Fartos mas vivos,
não nos hão-de ladrar os sonhos.

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