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domingo, 13 de janeiro de 2013

estrelas

é noite fria
as nuvens deslocam-se para leste
à velocidade do vento
tremo de frio, as mãos engadanhadas
sirius, alpha centauri, canopus e vega
e tantas outras, miríades de estrelas
bem lá no alto inacessíveis

eu aqui na terra olhando para elas
e para os outros astros errantes
numa intenção de saber.
olham para mim
sabem que tremo? sabem que as quero?

não lhes chego, nunca as alcançarei
mas sei que estão lá
creio que são minhas irmãs
filhas do mesmo pai e da mesma mãe.

hei-de morrer muito antes de qualquer uma
mas para além da minha finitude
basta-me saber que são imortais
que jamais me abandonarão.

quando me sinto perdido
são elas que me indicam os caminhos
com a sua lucidez a percorrer-me as entranhas
a sua assertiva existência a dizer-me
incessantemente que a vida é caminhar

por isso as amo num amor tão estável
que me espanto todas as noites
como a criança que vê pela primeira vez
um qualquer bicho esquisito
nos sonhos das dores do crescimento.

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