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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

revolução

Presume-se que o termo revolução foi importado da astronomia,  a qual assim designa a descrição de uma órbita completa de um corpo celeste.  O uso do termo viria a conferir o seu significado atual que radica na revolução francesa como revolução por extensão semântica.  Assim, a partir deste modelo de revolução, temos uma primeira definição desta como mudança radical de ideias. 
                                                                                                     - infopedia




As revoluções científicas, políticas, económicas, sociais, artísticas, correspondem a processos complexos de mudanças que ocorrem dentro de um totalitarismo e culminam noutra forma totalitária. São assim sucessões de totalitarismos.

O totalitarismo intensificou-se provavelmente a partir da ciência moderna, no século XVII. Galileu (1564 - 1642) provocou um terramoto político na época em que viveu. A cúpula científica da igreja da época, apesar de compreender as suas preocupações e descobertas, não conseguiu integrar uma nova linguagem onde emergiu veementemente a palavra revolução.

Galileu foi revolucionário: inventou uma nova maneira de fazer ciência e também uma nova maneira de fazer política. Pôs as cabeças a girar, tal como a terra, e como ninguém está preparado para ficar como um louco, as reações à sua nova visão do universo foram terríveis, por isso o julgamento, a retratação e a prisão foram os últimos episódios da série fascinante da sua vida.

Mas como é que o totalitarismo surge na senda da ciência moderna?
Como reação ao totalitarismo da igreja de então começou a forjar-se um novo totalitarismo, o da ciência moderna.

 O totalitarismo assenta no facto de a ideologia dominante, num dado contexto histórico, evidenciar e inculcar, a todos os títulos, uma verdade, a verdade oficial, que tem o seu fundamento em qualquer coisa divina ou semelhante ao divino. Essa coisa pode ser a ciência, a religião, um sistema de ideias. Nos séculos XVIII e XIX a ciência substituiu a religião, surgiu a deusa ciência, o cientismo, a crença dominante era a de que com a ciência se dominaria a natureza, se descobririam as imutáveis leis do universo e, por conseguinte se resolveriam, mais cedo ou mais tarde, todos os problemas. O século das luzes, o século XVIII, era o século da razão, mas depressa foi destronado pelo século XIX, o tempo do romantismo, dominado pela emoção. Curiosamente esta emoção e aquela razão estão hoje na ordem do trabalho científico de descoberta da consciência humana, como evidenciam as investigações de António Damásio.

Como reação aos sucessivos totalitarismos, foram-se forjando os relativismos e evidenciando os ceticismos no século XX. Chegámos ao século XXI com a coexistência cada vez menos pacífica de totalitarismos, relativismos e ceticismos.

A opinião pública só aceita aquilo que é "comprovado" cientificamente, isto é, aquilo que é "verdade". A par deste espírito mantém-se e propaga-se o ceticismo, até porque muitos dos produtos mais ou menos mediatos da ciência foram péssimos em resultados, veja-se o exemplo da primeira forma de utilização da energia atómica: Hiroshima. Por isso também a própria ciência é muitas vezes rejeitada pelo cidadão comum que prefere não saber o que ela é, já que alguns dos seus resultados revelam consequências abomináveis. Por isso surgiram imensas críticas, fundamentalmente através da expressão artística, correspondente ao período do capitalismo pós-industrial, tais como a arte cinética, a arte concetual, o minimalismo, etc.. Contudo, apesar de toda a crítica, deveras interessante e criativa, permanecemos globalmente num mundo de duas esteiras paralelas: o absolutismo ou totalitarismo das ciências, económico-financeiras, humanas e físico-naturais e o relativismo/ceticismo das artes e dos movimentos anarco-sindicalistas e político-niilistas.

 Por isso provavelmente terá de desenhar-se em concreto um caminho que impregne a opinião pública de um novo sentido. Tal sentido conjugará em harmonia os interesses opostos por uma revolução que será antes de mais um revolução da linguagem, do uso da palavra. Essa palavra será a prosa poética e a poesia que, uma vez disseminada por muitos afirmará a diferença pela igualdade e a igualdade pela diferença. Essa palavra será sempre criativa e criadora e identifica-se com a boa filosofia e a boa literatura. Será essa palavra contagiante e contagiada, contaminante e contaminada que fará a revolução que superará o atual estado de coisas que não desembocará num novo totalitarismo.


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