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domingo, 8 de maio de 2016

INFINITOS


Delta do rio Okavango no deserto de Kalahari 


Pouco ou nada  sei do mundo, 
e mesmo assim, sem razão aparente,
busco um significado para as sensações 
que me atormentam. 
Procuro incessantemente não ter ilusões
porque não acredito na sorte das lotarias. 
Sou, tanto no sonho sonhado 
como no acordado,uma ninfa e, 
depois de lagarta pesada, 
esvoaçante borboleta soltando escamas, 
um outro a cada instante que passa,
ora desejando igualdade
ora querendo diferença,
como o Tejo morrendo no mar
ou  rio Okavango no deserto a chorar.
Vou gostando de olhar as estrelas, 
e sinto-me bem a viajar assim, 
dois mil anos luz até Deneb, 
treze mil milhões desde o início, 
cumprimentando as luas de Júpiter,
navegando no cinturão de asteroides,
caminhando e pontilhando
como um pintor impressionista,
só para apaziguar a melancolia
induzida pela ilusão 
dos ecrãs, 
quadrados que tanto me afligem.
Procuro o sentido no frágil conforto
como concha sem pérola,
e ao acordar descubro 
que estamos vivos, 
ainda somos infinitos
no amor, na luz e na dor.


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