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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

clonagem

    A clonagem é, no século XXI, uma questão transversal e interessa cada vez mais à psicologia. Esta tem como objeto o estudo dos comportamentos e dos processos mentais e não pode ser alheia, em geral e em particular, à clonagem. No geral a clonagem apresenta-se como um processo assexuado de produção de clones ou cópias geneticamente idênticas, no todo ou em parte, ao ser vivo que se pretende reproduzir. Em particular podemos falar em diferentes tipos de clonagem: natural, reprodutiva, embrionária e terapêutica.

     A primeira é um processo de multiplicação natural de seres vivos que dá origem a indivíduos geneticamente iguais; a segunda consegue-se pela transferência da informação genética do núcleo de uma célula somática pertencente ao ser vivo a clonar para uma célula recipiente a que se extraiu o núcleo; a terceira diz respeito a um processo semelhante ao da geração de gémeos monozigóticos, o óvulo fecundado clona-se, em determinadas condições, a si próprio, originando ovos separados que correspondem a embriões independentes; finalmente, a clonagem terapêutica permite que se duplique, não um ser vivo, mas células-tronco embrionárias para construir tecidos e órgãos para transplante.

     Com estas técnicas existe a possibilidade de criação de clones humanos. Por isso surgiram muitos receios, fundados em questões éticas, morais, religiosas e políticas que levaram as instituições e organizações responsáveis a deliberar sobre as consequências que poderão advir do uso ou da instrumentalização das diferentes técnicas de clonagem. Daí que o Conselho Europeu tenha declarado a “proibição da clonagem humana reprodutiva”. A razão fundamental desta declaração prende-se com a possível proliferação de métodos de eugenia com objetivos políticos e económicos que poderiam atentar contra a dignidade humana para a qual a psicologia deve contribuir.

    Apesar de se reconhecerem já benefícios e riscos no incremento da clonagem, do ponto de vista psicológico, faz todo o sentido impor limites às diversas formas de clonagem, de modo a salvaguardar aspetos psicológicos fundamentais como o da identidade humana.

    Os riscos, que têm a ver com a eficiência da clonagem, com a esperança de vida curta dos seres clonados, com a uniformização ou massificação desses seres, com os problemas emocionais e psicológicos dos seres clonados e com a possibilidade do surgimento de mercados ilegais de doadores de células, talvez sejam suficientes para impor um travão à proliferação da clonagem, apesar de se reconhecerem também potencialidades positivas tais como: a evitação do complexo de infertilidade de muitos casais; a redução de certas doenças genéticas, de vítimas de problemas cardíacos, de problemas de cirurgia estética e plástica, de tetraplégicos e o envelhecimento geral do organismo. 


    Do ponto de vista da psicologia faz todo o sentido continuar as investigações em torno da clonagem, mas, como em toda a ciência e em toda a técnica, há um imperativo ético-moral e ético-social, por isso faz todo o sentido impor limites que garantam a individualidade humana e os seus correlatos: os processos mentais e os comportamentos.

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