A clonagem é, no século XXI, uma
questão transversal e interessa cada vez mais à psicologia. Esta tem como
objeto o estudo dos comportamentos e dos processos mentais e não pode ser
alheia, em geral e em particular, à clonagem. No geral a clonagem apresenta-se
como um processo assexuado de produção de clones ou cópias geneticamente
idênticas, no todo ou em parte, ao ser vivo que se pretende reproduzir. Em
particular podemos falar em diferentes tipos de clonagem: natural, reprodutiva,
embrionária e terapêutica.
A primeira é um processo de multiplicação
natural de seres vivos que dá origem a indivíduos geneticamente iguais; a
segunda consegue-se pela transferência da informação genética do núcleo de uma
célula somática pertencente ao ser vivo a clonar para uma célula recipiente a
que se extraiu o núcleo; a terceira diz respeito a um processo semelhante ao da
geração de gémeos monozigóticos, o óvulo fecundado clona-se, em determinadas
condições, a si próprio, originando ovos separados que correspondem a embriões
independentes; finalmente, a clonagem terapêutica permite que se duplique, não
um ser vivo, mas células-tronco embrionárias para construir tecidos e órgãos
para transplante.
Com estas técnicas existe a possibilidade de
criação de clones humanos. Por isso surgiram muitos receios, fundados em
questões éticas, morais, religiosas e políticas que levaram as instituições e
organizações responsáveis a deliberar sobre as consequências que poderão advir
do uso ou da instrumentalização das diferentes técnicas de clonagem. Daí que o
Conselho Europeu tenha declarado a “proibição da clonagem humana reprodutiva”.
A razão fundamental desta declaração prende-se com a possível proliferação de
métodos de eugenia com objetivos políticos e económicos que poderiam atentar contra
a dignidade humana para a qual a psicologia deve contribuir.
Apesar de se reconhecerem já
benefícios e riscos no incremento da clonagem, do ponto de vista psicológico,
faz todo o sentido impor limites às diversas formas de clonagem, de modo a
salvaguardar aspetos psicológicos fundamentais como o da identidade humana.
Os riscos, que têm a ver com a
eficiência da clonagem, com a esperança de vida curta dos seres clonados, com a
uniformização ou massificação desses seres, com os problemas emocionais e psicológicos
dos seres clonados e com a possibilidade do surgimento de mercados ilegais de
doadores de células, talvez sejam suficientes para impor um travão à
proliferação da clonagem, apesar de se reconhecerem também potencialidades
positivas tais como: a evitação do complexo de infertilidade de muitos casais;
a redução de certas doenças genéticas, de vítimas de problemas cardíacos, de
problemas de cirurgia estética e plástica, de tetraplégicos e o envelhecimento
geral do organismo.
Do ponto de vista da psicologia
faz todo o sentido continuar as investigações em torno da clonagem, mas, como
em toda a ciência e em toda a técnica, há um imperativo ético-moral e
ético-social, por isso faz todo o sentido impor limites que garantam a
individualidade humana e os seus correlatos: os processos mentais e os
comportamentos.
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