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segunda-feira, 14 de julho de 2025

Clara Luz

O que separa o mundo de cada um 
do mundo dos outros?
Talvez os limites da verdade subjetiva,
a aura individual, pessoal e inédita,
a emanação singular fluídica da vida,
ou a sensação intransmissível de um gesto.
Haverá muita gente à procura da verdade
para  saber onde começa e acaba o eu
e o outro e assim determinar,
com precisão de um nanomundo,
os limites do livre-arbítrio
e justificar, legitimando, a liberdade,
já que não há liberdade sem verdade.
A verdade pode surgir sob a forma 
de pedra filosofal, de altar dos deuses, 
de oráculo, de clareira na floresta,
de conversa com um amigo.
Como o dia de hoje, todo clara luz,
perceção nítida de árvores 
que dão pássaros que querem sombras
e a vida que elas ocultam,
como se sentíssemos os pés frios 
na manhã da terra 
ainda fresca da orvalhada,
para continuar a caminhar
passo a passo, alimentando as bússolas,
as próprias e as de quem passeia 
connosco no nosso coração 
e no nosso espírito, a toda a hora,
até à exaustão feliz, 
síntese  inteira de luz e sombra.

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