O que separa o mundo de cada um
do mundo dos outros?
Talvez os limites da verdade subjetiva,
Talvez os limites da verdade subjetiva,
a aura individual, pessoal e inédita,
a emanação singular fluídica da vida,
ou a sensação intransmissível de um gesto.
Haverá muita gente à procura da verdade
para saber onde começa e acaba o eu
e o outro e assim determinar,
com precisão de um nanomundo,
os limites do livre-arbítrio
e justificar, legitimando, a liberdade,
já que não há liberdade sem verdade.
A verdade pode surgir sob a forma
de pedra filosofal, de altar dos deuses,
de oráculo, de clareira na floresta,
de conversa com um amigo.
Como o dia de hoje, todo clara luz,
perceção nítida de árvores
que dão pássaros que querem sombras
e a vida que elas ocultam,
como se sentíssemos os pés frios
na manhã da terra
ainda fresca da orvalhada,
para continuar a caminhar
passo a passo, alimentando as bússolas,
as próprias e as de quem passeia
connosco no nosso coração
e no nosso espírito, a toda a hora,
até à exaustão feliz,
síntese inteira de luz e sombra.