Sonhei com o melhor
elevador do mundo,
as escadas que levam
do rés-do-chão ao sótão
tudo o que é importante levar,
detergentes para a roupa,
peças de vestuário,
livros, quadros, malas;
funciona com pés e mãos,
cuidado e amor.
Veio-me à ideia, de seguida,
um elevador improvável,
o de Sísifo, que transportava,
montanha acima, a enorme rocha
que lhe cabia em castigo,
poupando-o a trabalhos
e dores (in)suportáveis.
Ato contínuo recordo
outros elevadores,
do Bom Jesus, da Glória,
de Santa Justa, da Bica, da Lavra.
Nisto oiço um comentador
a falar do elevador social,
uma invenção moderna,
segundo alguns a solução
para os males da sociedade.
Então diz-se à criança,
filho, queres ser alguém na vida?
Vais à esquina da rua da liberdade,
esforças-te ao máximo,
obedeces a todas as ordens,
cumpres todas as regras
sem pisar o risco,
sem sair da linha,
direitinho que nem um fuso.
Assim serias alguém,
como se não tivesses direitos
e deveres, nem fosses
solidário, autónomo e belo
como é natural,
mas um humano sem qualidades.
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