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domingo, 29 de outubro de 2023

FUNDAMENTO

As galáxias e suas miríades de astros,

o Sol que nos ilumina, os planetas,
a sequoia de Serralves, a planície Alentejana,
as águas do Nilo, lágrimas do Assuão,
as múmias do museu britânico roubadas ao Egipto,
o friso do Partenon subtraído à acrópole de Atenas,
a pedra de roseta do império otomano,
os filhos desejados, os jogos de toda a sorte,
as viagens reais e imaginadas aos confins do mundo,
as filosofias, as religiões, todas as artes,
D. Quixote, Rocinante, Sancho Pança, Dulcineia,
os Lusíadas, a ilha dos amores e os deuses,
o Adamastor, o velho do Restelo,
o bíblico cântico dos cânticos,
as montanhas-russas reais e virtuais,
a quinta sinfonia em dó menor opus sessenta e sete de Beethoven.
Tudo parece imerso numa onda infinita,
tudo mexe e remexe e repousa, tudo cai ou se eleva,
tudo vagueia sem saber porquê ou para quê.
Tudo procede do nada
e incessantemente se desdobra
nos mais incríveis adejos
em busca do princípio da razão suficiente.
Como é estranho, admirável e fascinante
este mundo, nele podemos erguer as taças
em honra do amor e da amizade,
fundamentos de tudo e da sua finalidade.

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