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domingo, 17 de julho de 2022

SAUDADE


Ao procurar, anos a fio,  
compreender o universo,  
desemboquei, sem perder a esperança 
por dias melhores, 
num certo nada que me entorpece.
Sinto-me como um rio 
que desagua no deserto
barateando o lucro existencial 
às escondidas do mundo.
Por isso ainda falo 
para a criança de mim,
infante e crédula,
apaixonada pelo mundo. 
Onde ficou a vida que trocavas
pelo sorriso dos outros 
e pela morte fingida 
nos jogos de índios e cobóis?
Onde mora a tua antiga 
e absoluta liberdade?
Era tudo tão verdadeiro,
deitada no feno, 
inscrevias a vida
nas nuvens passageiras
enquanto escutavas canções de amor 
no murmúrio imediato dos arroios.
Como era simples e tão puro 
aquele tempo, presente
sem passado nem futuro.



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