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segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

perfeita religião

     Nada posso fazer ontem ou amanhã, só agora. O presente é o tempo real. O passado e o futuro são tempos da alma como disse o filósofo Agostinho. A alma nada parece, é uma expressão do corpo, espírito ou pensamento que se apaga quando o corpo morre. Predispõe para o amor. Mas não se ama o que não se conhece e para conhecer há que viajar. Viver a vida intensamente. Percorrendo caminhos várias vezes, tantas quantas as possíveis e nem sempre no mesmo sentido, à segunda passagem já se é outro e percebe-se tudo ao contrário e assim compreende-se melhor quem vem em sentido inverso. Há que visitar os lugares onde já se esteve, reler os velhos livros, rever os velhos filmes, escutar as velhas músicas, visitar os velhos amigos. 
     A mesma estrada tanto sobe como desce. Pelo mesmo caminho tanto podemos subir aos céus como descer aos infernos. Cada coisa é seu contrário, cada moinho é um gigante, cada gigante é um moinho, por isso é essencial viajar ora de Rocinante ora de burro sem nome como Sancho Pança fiel a D. Quixote ou como Jesus a fugir de Herodes, fiel a si próprio. É no significado da insignificância vivida que se encontra a ligação religiosa com o mundo. Religião sem ídolos ou heróis e sem deuses pela qual nos ligamos a tudo plano ou curvo, alto ou baixo, próximo ou distante. Religião (do latim religare ) aos outros que falam uma linguagem compreensível porque há raízes que se tocam. Religião (ligação) que não nega as religiões dos outros, antes as respeita, apresentam similitudes: fundam-se no mistério da vida e do mundo, no sentimento da ignorância e da infinitude do universo.

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