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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

IMPRESSÕES

Um sol tremendo
a fazer ferver o mundo
como lava de vulcão
embrenha-se nas trincheiras
da terra onde não há só guerra
mas também girassóis,
ventos alísios
e alguma esperança.
Um pássaro debica
na corola das extintas
pétalas da flor de árvore
do paraíso enquanto escuto
o crepitar das suas folhas
e respiro o ar aparentemente
fresco da manhã
oiço, na rádio, o poderoso
contralto vocal
de Amy Winehouse,
avisto a janela triangular
que não se abre
mas dá para o firmamento
azul luminoso,
entrecortado pelas alvas
cordas da roupa,
entrevejo nódulos de luz
sob a laranjeira do quintal
dançando num limiar cismático.
Sinto-me um caso particular
de mónada leibniziana
preso nas teias da existência
prestes a acordar
num mundo desconhecido.
©PR

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