Páginas

domingo, 3 de junho de 2012

prometeu



(a propósito das valas comuns na Síria)

Há por aí uma espiral
Gira e rodopia num absurdo sentido
Valas comuns
Flores de maio regurgitando a náusea do desamor
Moscas em olhos de crianças
Mãos de sangue, corações empedernidos
Terra triste, lamacenta, pestilenta
Humanismo ismo ismo
Poeira do universo num verso inverso
Mundo imundo furibundo
Terra tela telúrica
Para onde escorreu o teu leite
Mãe dos deuses e das quimeras
Aquele leite quente que amamenta
As crianças de idade tenra como a alface
Coalhou e endureceu
À força de Prometeu
Instrumento fundamental da civilização
Onde falta o pão, onde falta o pão
Há por aí buracos negros
Absorvendo o tutano dos homens
Criando lobisomens
Escurecendo o brilho da vida
Enquanto os povos ainda cantam
Os amanhãs e as primaveras
Hediondas hediondas
De  giocondas e anacondas
Nas ondas do mar que não é nosso
Caímos no fosso, no fosso
Sopa de osso osso            
Ouço caroço
Caracol de corninho ao sol
Lesma cascuda
Por isso te queimaste
E agora jazes como se nunca tivesses existido
Como se nada mas nada te fosse prometido e tudo a ti permitido. 

Sem comentários:

Enviar um comentário