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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

princípio da minha história da filosofia

Há muitos anos tive uma longa conversa com alguém mais velho do que eu. À lareira, no Inverno rigoroso, com as místicas labaredas a inspirar-nos. O tema dominante era a passagem do mito à razão. Falou-me daqueles homens que viveram há mais de dois mil e quinhentos anos. Eram os filósofos pré-socráticos. Viviam na zona de Itália e em Atenas, na Grécia. Fiquei fascinado com as suas ideias e comecei a sentir que hoje não somos assim tão diferentes, o céu que observamos é o mesmo, azul e povoado de estrelas, o planeta que habitamos é o mesmo e as pessoas são muitíssimo semelhantes: amavam, odiavam, vingavam-se, inventavam histórias, nasciam, cresciam, casavam, reproduziam-se e morriam. Criaram tecnologias muito diferentes das de hoje, mas baseadas, talvez, num mais apurado processo de observação. Alavancas, espelhos, relógios de água, de areia e de sol, sistemas de irrigação, agricultura e pastoreio, caça, pesca. Realidade virtual, física, filosofia natural, música e matemática, astronomia, história e geografia, literatura, desporto e competição. É caso para perguntar, o que é que há hoje de inteiramente novo à face da terra e na vida das pessoas? Quase nada, creio. A democracia política, a ditadura, a tirania, a liberdade, a ética e a moral. A linguagem e a gramática, a lógica. Nessa remota antiguidade está lá tudo. Tive mais tarde um professor de filosofia medieval que asseverava que Platão e Aristóteles, os mais influentes e mais próximos de Sócrates e dos pré-socráticos, são os filósofos e tudo o resto é comentário.

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