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domingo, 20 de outubro de 2024

Manhã

Através da vidraça 

antevejo a luz do dia

que ainda agora é uma criança.

Escuto a voz de um melro 

circundando a vizinhança.

Anda na sua ronda matinal

seguro de que não há vento.

Por isso tem de voar, 

de dar conta, de ramo em ramo,

de que tudo está bem, 

levar as boas novas 

a outros lugares

certo está

que por ele ninguém o fará.

Toca nas plantas circundantes

com o seu assobio assertivo

e assim confirma o lugar natural

de cada uma e dos insetos 

seus vigilantes.

Encantados, outros pássaros 

regressam a este lugar 

de onde partiram

para voltarem a ser felizes 

nos cantos em que os ninhos

cresceram e ao mundo se lançaram.

Enquanto isto,

na quietude de outono

na terra lêveda,

germinam os pinheiros 

que às alturas se elevarão

para saciar a sede

de frescura do próximo verão.

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