Através da vidraça
antevejo a luz do dia
que ainda agora é uma criança.
Escuto a voz de um melro
circundando a vizinhança.
Anda na sua ronda matinal
seguro de que não há vento.
Por isso tem de voar,
de dar conta, de ramo em ramo,
de que tudo está bem,
levar as boas novas
a outros lugares
certo está
que por ele ninguém o fará.
Toca nas plantas circundantes
com o seu assobio assertivo
e assim confirma o lugar natural
de cada uma e dos insetos
seus vigilantes.
Encantados, outros pássaros
regressam a este lugar
de onde partiram
para voltarem a ser felizes
nos cantos em que os ninhos
cresceram e ao mundo se lançaram.
Enquanto isto,
na quietude de outono
na terra lêveda,
germinam os pinheiros
que às alturas se elevarão
para saciar a sede
de frescura do próximo verão.
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