Setembro tem nome de número, sete,
e é o nono porque março já não é o primeiro.
Foi neste mês dos arcanjos que vim ao mundo,
e dos dias dos meus anos de há muitos anos,
recordo bem dois deles:
quando perfiz nove e quando atingi os doze.
Aos nove, no dia doze, houve direito a bolo
com pauzinhos de fósforos a imitar as velas
para eu apagar e parabéns cantados que, no final,
me deixaram num vale de alegria com lágrimas.
Aos doze o ar era quente, o dia claro, antes de almoço,
eu e os meus queridos irmãos, na apanha das
passas de figo nas terras a que chamavam chãs.
Aparecem uns tios meus à entrada da aldeia,
vindos da terra dos fenómenos, com a filha
falando, casas hoje os anos, doze a doze, parabéns.
Trago sempre comigo aqueles momentos,
com os meus sete irmãos e a minha mãe
que andava lá por perto com o meu pai que já morreu.
Esta memória é uma emoção tão forte que me arrepio todo,
éramos felizes todos juntos e quase não dávamos por isso!