seja lá isso o que for,
durante muito tempo,
através dos seus doutos representantes,
convencida estava
de ter sido criada à imagem
e semelhança dos deuses.
Seria a espécie mais importante
de todas e, como se isso não bastasse,
habitaria no centro do universo
num planeta redondo
onde seria senhora de tudo,
como se tivesse a Razão na barriga.
Com a mudança dos tempos
foram-se descobrindo certas feridas.
Primeira ferida:
Primeira ferida:
Copérnico, no século dezasseis
afirmou que a Terra e o Homem
não são o centro do Universo.
Segunda Ferida:
afirmou que a Terra e o Homem
não são o centro do Universo.
Segunda Ferida:
Darwin, no século dezanove, disse
que o ser humano é uma espécie
animal com história,
órgãos e mortalidade
semelhante aos outros animais.
Terceira ferida:
semelhante aos outros animais.
Terceira ferida:
Freud no século XX,
descobriu que o ser humano
não controla os seus afetos,
medos, impulsos e desejos,
porque afetado pelo inconsciente.
Conclusão:
Não sou mais importante
do que nada que exista ou possa existir,
não sou centro de coisa nenhuma,
não sou absolutamente racional,
não tenho nada de imortal,
não me controlo inteiramente.
Então quem sou eu?
Sou afetos, desejos e emoções,
que vivem num corpo em mutação,
agitado por todos os ventos
em todas as escalas.
Afetado por todas as marés,
por todos os efeitos de todas as borboletas,
pelas primaveras de Vivalvi e de Stravinski,
por todas as paisagens e nuvens
de óleos e aguarelas,
descobriu que o ser humano
não controla os seus afetos,
medos, impulsos e desejos,
porque afetado pelo inconsciente.
Conclusão:
Não sou mais importante
do que nada que exista ou possa existir,
não sou centro de coisa nenhuma,
não sou absolutamente racional,
não tenho nada de imortal,
não me controlo inteiramente.
Então quem sou eu?
Sou afetos, desejos e emoções,
que vivem num corpo em mutação,
agitado por todos os ventos
em todas as escalas.
Afetado por todas as marés,
por todos os efeitos de todas as borboletas,
pelas primaveras de Vivalvi e de Stravinski,
por todas as paisagens e nuvens
de óleos e aguarelas,
sou um corpo sob a influência
dos impressionismos,
expressionismos, góticos,
expressionismos, góticos,
barrocos, românticos,
cubistas, surrealistas e minimalistas.
cubistas, surrealistas e minimalistas.
Afetado por tudo e por todos,
à procura do nada que é tudo,
em busca do tudo que é nada,
fugindo, como a lagartixa,
de quem lhe corta o rabo,
à procura do nada que é tudo,
em busca do tudo que é nada,
fugindo, como a lagartixa,
de quem lhe corta o rabo,
enfrentando os escolhos dos caminhos,
fruindo a vida que floresce mesmo
nos tempos e lugares mais improváveis,
fruindo a vida que floresce mesmo
nos tempos e lugares mais improváveis,
tentando e errando como um astro perdido,
consciente ou não, da sua absoluta insignificância,
submetido voluntariamente
à suposta ficção necessária
da lei que descubro em mim.
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