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quarta-feira, 24 de julho de 2024

O tempo

Diz-se que o tempo

nos devora como Cronos

devorava os filhos.

Mesmo assim

somos mais fortes do que ele:

muitos dias já se foram

e nós cá continuamos.

Não devoramos os filhos, 

não somos canibais.

Eles é que parecem, 

por vezes, querer-nos devorar

como bebés sôfregos

 a beber o leite dos seios das mães.

Não os levamos a mal por isso,

são o futuro, 

vida para além do agora. 

O presente, maior do que tudo 

o que se pode imaginar,

é sentir a vida como quando

se lê o poema pela primeira vez,

como a força do choro

do recém-nascido

que ecoa nos vórtices da vida.

O presente é cumprir,

como Aristóteles dizia, 

a causa final da humanidade,

tão só a felicidade.





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