A liberdade de informação é, segundo a comissão nacional da Unesco, "inerente ao direito fundamental à liberdade de expressão, como é reconhecido pela Resolução 59 da Assembleia Geral das Nações Unidas adotada em 1946, assim como pelo artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), que declara que o direito fundamental à liberdade de expressão inclui a liberdade de "procurar, receber e difundir, sem considerações de fronteiras, as informações e as ideias".
Para a liberdade de informação é necessário não existir constrangimento de quem informa e haver lógica. Constrangimento sabemos que existe: os "informadores", mais conhecidos por jornalistas, não são independentes nem autónomos, servem a quem lhes paga, isto é, os donos das plataformas, jornais e televisões. Portanto, sendo assim, toda a informação que nos chega deve passar sempre pelo crivo da nossa análise crítica. Se não for assim estamos sujeitos a tomar por verdade o que é falso. Para tanto há que confrontar as fontes com outras fontes num exercício do contraditório para se atingir a máxima intersubjetividade e a mínima subjetividade. Este exercício aproxima-nos da tão desejada verdade. Infelizmente nem toda a gente assim procede, porque não é o mais fácil, nem é o mais espetacular. Por exemplo, para percebermos porque é que há guerra, é necessário analisar essa realidade de várias formas: primeira, numa perspetiva neutra, sem uma forma pré-concebida a favor ou contra uma das partes envolvidas; segunda, na perspetiva do invasor; terceira, na perspetiva do invadido; quarta, na ótica de quem, não entrando diretamente, beneficia com a guerra; quinta na perspetiva de quem é prejudicado, mesmo não intervindo diretamente. Só fazendo este exercício será possível encontrar alguma objetividade. Para além desta multiplicidade de perspetivas de compreensão e de explicação, é ainda necessária a intervenção de várias áreas de investigação, nomeadamente filosofia, antropologia, ciência política, história, sociologia, estratégia e geostratégia militar, economia.
F A lógica também é necessária para a verdade. A lógica é uma criação de Aristóteles (384-322 a.C.) e de outros pensadores que se lhe seguiram tais
como Leibniz, Frege e Boole. Concorre para a análise
rigorosa do pensamento e da linguagem. A linguagem natural, expressa através da
fala e da escrita, condiciona o pensamento e este condiciona aquela. O que
caracteriza o Homem e o torna muito diferente de todos os outros animais é a
linguagem. Esta apresenta, na sua íntima estrutura, uma organização lógica,
assente nos princípios da razão: identidade, não-contradição e terceiro
excluído. O primeiro diz que todo o objeto é igual a si próprio, o segundo afirma que acerca do mesmo objeto e no mesmo contexto, não podemos afirmar uma coisa e o seu contrário e o terceiro expressa a ideia de que uma declaração ou é verdadeira ou falsa, nunca verdadeira e falsa ao mesmo tempo.
Parece evidente que a lógica ensina a
pensar clara, concisa e corretamente, permite desenvolver competências de
raciocínio e argumentação e aumenta a capacidade de avaliação crítica de
argumentos. Quem aprende lógica pensa de um modo mais preciso e comete menos
erros de raciocínio.
Os seres humanos para cumprirem os seus
desígnios necessitam de pensar autonomamente e de comunicar. Fazem-no,
fundamentalmente, através da linguagem natural que apresenta muitas
ambiguidades, o que leva, muitas vezes, ao cometimento de falácias, erros que
poderão ser evitados com o treino lógico da linguagem.
Um dos maiores problemas humanos consiste
na dificuldade ou incapacidade de comunicação. A lógica melhora a nossa estratégia comunicacional e confere mais solidez aos argumentos que constantemente temos
de utilizar.
Se tal como Aristóteles evidenciou, a causa
final do Homem é a felicidade, poderemos assentir que não será possível
caminhar para ela sem o desenvolvimento do pensamento rigoroso. Quem pensa
melhor comunica melhor e poderá ser mais feliz, poderá a todo o momento
contribuir para a sucessiva realização dos seus objetivos imediatos e de longo
prazo porque as suas decisões baseiam-se em argumentos sólidos (válidos e com conteúdo verdadeiro) e dificilmente
serão más decisões.
Não seria possível todo o “edifício”
artístico e científico sem a prestimosa ajuda da lógica. Esta conduz-nos
inevitavelmente aos caminhos da verdade que para a filosofia nunca é
inconveniente.
Hoje comemora-se o dia mundial da liberdade de informação, não porque exista liberdade absoluta de informação em alguma parte do planeta, mas porque o desejo das pessoas comuns é o da paz que só é possível com a liberdade e com a verdade.
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