Quando jovenzinho ouvi falar de alguns humanos ilustres que viveram há mais de dois mil e quinhentos anos, conhecidos hoje como filósofos pré-socráticos. Viveram na zona de Itália, da Grécia e da Turquia.
Fiquei fascinado com as suas ideias, o Fogo de Heraclito, a Água de Tales, o Ser de Parménides, o Ar de Anaxímenes, o indefinido de Anaximandro, enfim, o princípio ou os princípios de todas as coisas.
A partir daí, com a investigação, fui concluindo, sem grande surpresa, que hoje não somos assim tão diferentes deles, o céu que observamos é o mesmo, azul e povoado de estrelas, o planeta que habitamos é o mesmo, embora com muito mais gente e mais problemas, as pessoas tal como hoje, amavam, odiavam, vingavam-se, inventavam histórias, nasciam, cresciam, casavam, reproduziam-se e morriam.
Criaram tecnologias diferentes das de hoje, mas baseadas, talvez, num mais apurado processo de observação. Alavancas, espelhos, relógios de água, de areia e de sol, sistemas de irrigação, agricultura e pastoreio, caça, pesca. Realidade virtual, física, filosofia natural, música e matemática, astronomia, história e geografia, literatura, arquitetura, desporto e competição. É caso para perguntar, o que é que há hoje de inteiramente novo à face da terra e na vida da humanidade?
Quase nada, creio. A política, a democracia, a ditadura, a tirania, a liberdade, a ética e a moral. A linguagem e a gramática, a lógica. Nessa remota antiguidade já lá estava "tudo". Tive mais tarde um professor de filosofia medieval que asseverava que Platão e Aristóteles, os mais influentes e mais próximos de Sócrates e dos filósofos pré-socráticos, são os filósofos e tudo o resto é comentário.
Concordo com ele, de certa maneira, mas também reconheço que houve evolução no pensamento e no modo como somos conscientes e inconscientes. No modo como nos relacionamos uns com os outros. Mas uma coisa é certa, sem pensamento crítico, dialético, sem diálogo, sem racionalidade, isto é, sem Filosofia, jamais conseguiremos fazermos de nós melhores pessoas e construir um mundo onde valha, de facto, a pena viver.
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